Comprimidos

Leia a bula.

Ao persistirem os sintomas, procure um médico que saiba responder algo além de "deve ser amor".
Que coisa doentia.

sexta-feira, setembro 24, 2010

Coloquei uma carta...

Não numa velha garrafa. Não há mar que afogue o suficiente esses pensamentos. Não há nada que os impeça de existirem. Coloquei essa carta numa gaveta qualquer, num canto qualquer, perdido em papel e achado em mim. Porque não sai, selo maldito. Tá grudado na mente, sai, sai...
Saí.
Saí de mim e fui me jogar por aí, não sei mais o que sou, porque meu "quem" já está em ti. Ficaram restos de mim pr'eu tentar entender.
Então preenchi o sulfite com o que minha mão se atentou a ilustrar. Pus em linhas tortas o certo de mim, o que me compõe. Não houve habilidade, bem como novidade. Te desenhei. Não que seja fácil moldar tuas linhas sem ao menos ofegar. Mas o inconsciente tomou conta de mim, assim como fez no momento em que escondeu tal carta na gaveta cor de canela.
Não com o objetivo de tentar fazer-me esquecer de ti. Não aprendi a cometer milagres.
Mas tudo com o fim de te ter mesmo que a fala acabe, que o sorriso apague e que tudo se afunde naquele mar que, agora, não é capaz.
Tu, então, estás em duas estantes. Entre os livros e rascunhos largados no criado-mudo. Entre átrios e válvulas sem o menor escape pra mim.
Num coração criado pra gritar toda vez que tu chegas perto.

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