Comprimidos

Leia a bula.

Ao persistirem os sintomas, procure um médico que saiba responder algo além de "deve ser amor".
Que coisa doentia.

quarta-feira, dezembro 29, 2010

Habito nos hábitos.

Eu tenho mania de exagero, de intensidade. Mania de fugir quando parece que o desconhecido vai me alcançar. De rir feito idiota de coisas nem tão engraçadas assim. De ser inconveniente. De falar que não posso quando na verdade eu apenas não quero. De tentar ser sutil pra não magoar quando o outro merece se foder. De ser gentil com quem não merece. De ser grossa com meus melhores amigos que nunca me abandonaram. De amar quem não me ama. De sofrer por quem não se importa.

Essa minha mania de ser eu ainda acaba comigo.

sábado, dezembro 18, 2010

Nem bom nem dia.

(Eu detesto fazer notas nos textos, mas talvez seja melhor você ler o anterior para entender esse. Só uma dica. E desculpa a zona)

Dormi e então olá. "Bom dia", você diz. Nem bom nem dia, como ontem não era noite. Nem pergunte se "ei, você tá bem?" porque esse sujeito não se encontra. Trancou a porta, não quer sair.
Finge não estar. E então você (o você que não sou eu, o você que existe. Até demais.) parece tentar me convencer a amanhecer de verdade, aceitar que só assim posso ser eu.
Você está certo. Mas não sei se vou admitir. Não sei se quero mais. A tua manhã tem um sol que queima e arde e cansa e abafa até pensamentos.
Você está certo. Mas não sei se posso admitir. Meu orgulho chora sempre que penso nas vezes em que voltei atrás da minha própria voz.
Eu já acordei. Tinha ficado na mesma, na merda. Decidido manter a decisão mesmo que isso seja absurdamente redundante. Tanto quanto o "eu te amo". Isso é tão obvio! Você é você, eu sou uma tola. É claro que isso ia acontecer.
Claro... Luz...
Bom dia.

sexta-feira, dezembro 17, 2010

Nem boa nem noite

Talvez, como sempre, amanhã eu acorde e decida não decidir. Resolva esquecer todas essas promessas que me faço agora, continuar tentando. Mas enquanto não amanhece, eu escolho desistir. E isso nunca me soou tão corajoso...

Exercer minha liberdade, exigir minha felicidade. Talvez seja isso que eu esteja fazendo quando resolvo largar tudo, o mundo, você. Ou quem sabe eu apenas esteja cavando um buraco mais fundo. Amarrando no tornozelo a mais pesada das cargas: o arrependimento.

Mas não me importa. Ainda não dormi, tampouco acordei. E nessas horas de insônia eu percebo que, antes de ter jurado estar sempre pra você, eu deveria ter prometido nunca deixar de existir para mim.

Me perdoa. Pelo menos por essa noite. Quando eu acordar te digo se volto ou não.

Eu te amo, mas você não. Eu te amo independente das noites mal dormidas.

Eu te amo. Só isso. Tudo isso.

Tudo, tudo.

Nada.

quinta-feira, dezembro 16, 2010

Pausa para uma crise adolescente.

Vou lhes contar a verdade sobre o amor. Ele não é legal. Pra te falar a verdade, ele é um grandissíssimo filho da puta. E eu adoraria matar quem o inventou.

Mentira.

As vezes acho que ninguem criou, ele simplesmente nasceu. Um aborto. Uma necessidade. Uma falta do que fazer. Ainda preciso decidir se ele é bom ou ruim. Talvez isso não dependa dele propriamente dito, mas de quem o gera em mim. Eu não dou sorte mesmo… Aborto. Puto. Homens. Argh.

Bom, o amor. Ei, você suspirou? Você gosta dele né? Mas aaah, não suspire. Suspiros me irritam. Eu só suspiro quando estou com pressa. Ou puta. Eu tô sempre puta então sempre suspiro. Mas suspiros me irritam, então não os faça. Fiquei puta. Suspiro. Shiu.

Bom, o amor. Mais uma vez. Eu tenho deficit de atenção, desculpa. Mas então, o amor… Essa coisa louca, que estoura a boca to teu estômago mas que você, programada pra achar tudo lindo, diz que são apenas borboletas. Borboletas não explodem. Elas não te fodem. Elas nem ao menos causam dor. Não querem fazer isso, sabe? Elas nem pensam! Cabeças de vento. Elas tem cabeça? Bom, então só ficam por ai, batendo suas asinhas, pousando em lugares inadequados e dizendo em borboletês que não ligam pro que se passa dentro de você. E elas realmente não ligam, acredite. Polén é tão mais interessante…

Elas não voam dentro de você quando ele aparece. Elas não sabem quem é ele. Eu também não, mas você provavelmente pensou em alguem. E não suspire! Mas elas nem se importam. Não as coloque no meio disso tudo. A culpa da explosão é sua. Se você está despedaçada, não reclame aos insetos. Você o deixou te invadir, e ele então marcou o territorio. Agradeça por ele não ser um cachorro. Seria bem nojento…

E então o cheiro dele te invade. Você não consegue pensar em muitas outras coisas. E no começo não se importa com toda essa incompetência. Porque sim, você passa a ser um robôzinho inábil, quase retardado. Eu me sinto retardada quando amo alguem. Não acho que amar seja uma escolha, mas ser retardada sim. Sei lá, eu só sou mesmo. To bem assim. Retardada. E nem preciso amar pra ser, mas quem se importa? As borboletas não..

Aliás, as unicas borboletas que se importam são essas débeis, ilusões da sua cabeça. Capture-as logo antes que elas virem carnivoras e comecem a chacina. Não que dê pra evitar… Uma hora você será comida. Sem sacanagem.

E bla bla bla o tempo passa. Você expande a zona de conforto dele como se fosse um aplicativo da internet. Ele aceita todo o seu amor, é um presente. Mas mini granas não existem nessa vida. O preço é muito mais alto, querida. Mais vital. Menos nerd. Seu coração vale um pouco mais que moedas douradas. Você não mora numa enseada com trinta peixes cada. Eles não te amam. A Leite Gaga não existe. O principe encantado também não.

É um absurdo que as pessoas façam questão de provar que Papai Noel não existe, mas insistem nessa coisa de principe do cavalo branco. E se ele existir, duvido que venha num cavalo. Ainda mais branco. Daonde o meu “principe” está vindo, de tão tão tão puta que pariu distante, no minimo o cavalo tinha que voltar cheio de lama né? Mas acho que ele está vindo de tartaruga manca mesmo, vai saber.

A questão é que eu ainda não te contei a verdade sobre o amor. Eu apenas te disse o que acontece quando você o sente. Mas, de fato, é só isso que eu posso te falar. Eu não sei a verdade sobre ele. Eu te enganei. Mas eu sei o quanto você pode ganhar e perder com tudo isso. Ele te tira muita coisa. Te oferece tantas outras. Alegrias, sonhos, enganos, ilusões, carinhos, memórias. Ele não promete ser pra sempre. O amor desgasta, esmaece. Mas ele te permite construir uma vida paralela, eterna. A unica coisa que você precisa fazer é optar viver ou não nela.

E se você disser sim para tudo isso, aceite que as borboletas podem virar águias, com garras enormes, prontas pra te agarrar pelo pescoço e jogar de cima de um prédio, daonde voce vai atingir o asfalto e virar panqueca. Mas normalmente a queda é tão deliciosa, que você fechará os olhos nos 5 segundos finais e agradecerá por ter sentido algo tão incrivel. Morra feliz. Retardada e completamente feliz. Mas como você já sonhou demais, não custa torcer para que o principe chegue a tempo e esteja lá embaixo pra te segurar.

terça-feira, dezembro 14, 2010

Um conto sem título, história, autor ou porra nenhuma.

E nesse papel envelhecido, com cheiro de fundo de gaveta, vomito minhas angústias.
Não gosto desse odor. Que relevante...
As vezes me perturbo ao pensar se deixar de gostar de você é realmente a solução dos meus problemas. Te deixar de lado, jogar num canto qualquer até a poeira inibir toda a minha vontade de te procurar. Penso se todos esses pensamentos loucos e inconvenientes vão desaparecer simultaneamente à sua fuga de mim.
As vezes questiono se as lembranças vão continuar a me perseguir mesmo que esteja a quilometros de distancia e tenha aceitado o “nunca mais quero te ver”. Não que ache que eu vá ter coragem de dizer, mas vamos supôr.
As vezes, no meio dos meus disturbios e surtos de saudade e puta que pariu porque diabos gosto tanto de você?, penso que é meu veneno. Nas tantas outras vezes, quando me aparece com aquele seu jeito torto, suave e incrivelmente sexy, eu vejo que talvez seja o remédio.
Você é meu paradoxo. Meu chão, meu desequilibrio. Minha falta de pensar, minha vontade de agir. Você é meu até quando não é. Não que eu te coloque num pedestal, mas você anda protagonizando demais a minha vida… E não estou reclamando, não sou anti-herói. Apenas a mocinha esperando pra ser salva. Ou, nos meus dias menos ortodoxos, para ser molestada cruelmente. Eu não me importo. Meu corpo é formado por linhas tortas que choram pra que você nelas escreva. Um conto qualquer. Horror, romance, drama, comédia. Só não espere o papel envelhecer.

terça-feira, dezembro 07, 2010

Guilhotina.

Prostrada na cadeira da vida, nesse balanço qualquer. Meu peso, meu reflexo, a inércia. Tudo me move mas minha consciência repara que não saio do lugar. A cabeça não pára, mas meus pés, sossegados diante do conforto da poltrona, insistem em se abster de todas as mudanças que necessito. As vezes não reago, não interajo com meu próprio organismo. Conformismo, preguiça, vontade de não ser, de nem sei.
E então minha cabeça pede pra sair e fazer seu trabalho, por mais suicida que ele possa parecer.
Tá na hora da degola.

sexta-feira, dezembro 03, 2010

Não sei nadar.

Não adianta mais eu pedir pra você voltar, pra ficar, pra não ir, pra não ser, ou ser só pra mim. Você fez com que isso não dependesse nem de si próprio. E agora eu vejo a minha felicidade duplamente ramificada, e nenhuma das pontas sou eu quem segura. Eu queria ter a capacidade de controlar minhas sensações. De tirar, colocar e manipular o que precisar, só pra promulgar mais um pouco o prazer em ter meu diafragma funcionando normalmente. Mas esse prazer inexiste. Eu não faço mais tanta questão de respirar. Eu não faço mais tanta questão de porra nenhuma.
A única coisa que entra em mim agora é esse vazio, que se alarga, que preenche. Eu estou cheia dele. Desse oco. Dessa sua falta. Mas você não quer voltar. Você insiste em tomar aquele táxi de que falamos ontem. Você quer sair de mim. Eu não quero deixar. Mas os meus desejos não importam mais, porque tudo que cabe dentro de mim é essa puta chamada saudade, que dá e cobra mais do que merece.
Eu sei que você quer me deixar. E eu imagino que vá conseguir. Não que eu esteja permitindo ou pouco me importando. Você é o que mais me importa agora. Talvez mais do que eu mesma, que tenho essa mania fodida de ser mais para os outros do que para mim. E isso só não é mais complicado de admitir porque a verdade é fácil de desprender-se. Peço então que não incinere a felicidade que emoldurou e pregou na parede da minha carne com esse fogo ardido do "não". Que não faça com que tudo se transforme numa massa pálida e fétida chamada rancor.
Eu não quero te odiar, passar por você e virar a cara como se fosse um cão sarnento, desgostoso. E também não quero te perder, porque aí é menos um pedaço de mim e eu já sou pequena o bastante pra virar parcela. Só sei que quero deixar de sentir essa porra louca toda, essa dependência que me causa câncer de todos os órgãos.
Mas, enquanto isso não acontece, fico aqui brincando de vidinha, treinando pra sobrevida e reclamando da demora da morte. Me arrebentando internamente, tentando achar uma forma de desatar os nós de marinheiro das minhas víceras que te prendem em mim.
Náufrago.