Comprimidos

Leia a bula.

Ao persistirem os sintomas, procure um médico que saiba responder algo além de "deve ser amor".
Que coisa doentia.

sábado, novembro 12, 2011

quinta-feira, novembro 03, 2011

Conjunções encadernadas.

Foram meses de nada, e aconteceu simplesmente tudo. Menos o que eu mais gostava de fazer. Inspiração abandonou, falei que ia ter bolo, nem assim quis ficar. Sei lá, devia estar de saco cheio de mim. Todo mundo fica uma hora.
Achei um bloco na gaveta, daqueles que a gente guarda no bolso, na bolsa e no tedio das tardes nem bonitinhas nem feinhas.
Botei nele frases que se encaixam, mesmo quando não fazem sentido. Tudo assindético. Sintática, morfica, semantica e sensivelmente.
Lá vem elas... Sem aspas, porque não cabe mais nada que não as próprias.

~

Ninguém dá bom dia pra noite. Logo ela, que acorda junto e faz café. Se fossemos menos ingratos até levaria na cama, aposto.
Abro numa página qualquer e leio. Se não entendo, mudo de página. Reler é coisa de gente repetitiva. Então eu abro numa página qualquer e leio.
A verdade é falsa, mas só porque tem muitas caras.
Como é que deve ser não existir?
De toda importância da conversa, o que mais se nota é a companhia.
Sinto falta de um defeito. De uma ironia fora de hora. De um humor negro do mais sujinho e bêbado, podendo ser limpinho e sóbrio se eu gostar de quem o faz. De falta de senso, de dogma e vontade de se encaixar. Do exótico, do esquizofrênico e daqueles males que me fazem bem. Bem não por serem bons, mas porque exatamente me fazem.
Hoje eu acordei, pulei do abismo e dancei lá embaixo. Tango argentino, se quer saber.
Eu temo meus extremos porque os amo com toda intensidade.
- Eu te amo.
- Toma, leva minha bolsa. Mas não me machuca, por favor.
Adoro agulhas, odeio anestesia.
Gosto de gente funda. É bonito e dá vontade de mergulhar.
Eu sei nadar. Se não soubesse as amaria, justamente pra me afogar.
Pegar o bom e fazer dele ótimo por pura antropofagia.
Só o suficiente não basta.
Larguei as expectativas... Gosto de estar pronta, não demoro pra me arrumar.
Problemas na casa de fora, na de dentro nem ouso mais entrar.
Compartilhar problemas sempre me pareceu egoísta, apesar de ser um verbo naturalmente solidário.
Quero carinho. E não leve pro diminutivo só pela palavra. Preciso de mais.
Esquece o que falei da casa, virei minha luneta pra dentro.
To me enxergando melhor.
A mesma coisa de sempre é algo muito relativo pra quem está esclerosado.
E entre duas coisas, escolho a que veio depois. A primeira só vale mesmo se a segunda não existir.
E não bebia nem deixava embebedar.
Sou um gasparzinho sólido.
Que tal ficar de ponta-cabeça pra começarmos a nos entender?
Se toda coincidência tende a que se entenda...
O que vale mais? Um pouco de tudo ou muito de nada?
A vida é meu Gargamel.
Esses dias de horas seculares que me demoram os nervos e hibernam meu piscar de olhos...
E àqueles que patinam na mediocridade, um brinde de taças vazias.
Quem me dera Sherazade ousasse se apropriar de mim.
E dentre os meus três lados, o melhor símile é o fundo.
No meio do caminho tinha uma pedra. Não desvio, seja por coragem ou falta de bons reflexos. Tinha uma pedra no meio do caminho. Me empurram, tropeço e só faço rir de mim. No meio do caminho tinha uma pedra e foi ela que me lapidou assim.
O melhor conselho que tenho sido capaz de dar ultimamente é que não ouçam os meus.
Freud explica e eu não entendo nada.
Travesseiros macios de peito de mãe.
Te dei todo o tempo do mundo e agora você quer o meu?
Tem gente que acha que eu não sei e nem sabe...
Mal te conheço e você já ta me sufocando.
Mas o sufoco sou eu.
O desconhecido também.
Alô?
Quem fala?
Tu, tu, tu, tu.
Mania de monólogos.
Já chega. Menos papo e mais cafuné.

domingo, maio 08, 2011

Parabéns por ontem, por hoje e provavelmente por amanhã.

Parecia ter sido ontem a primeira vez que a vizinha da casa ao lado armara um escândalo, convidando toda a rua pra desventura da filha arteira da Dona Rosa. Correr e sair tocando campainhas como se os dedos fossem cair: meu hobby. Eu não era fácil. Menininha diferente, esquisita, invocada. Sem afeições materiais, isso é um fato. Nunca quis aqueles tênis de luzinhas patéticos, febre no colegial. O que eu queria era liberdade. E reclamava por não poder fazer o que queria, sair pra onde fosse sem hora nem motivo pra voltar.
Pouco chorava. A tristeza era engolida feito uma bola de boliche, inflava a goela mas não se transformava em água, sal, gordura, proteína e memórias. Sistema lacrimal obediente.
Na escola era um caos. Passava os recreios jogando cartas com os meninos. Ganhando, é claro. Tazos, chapinhas, baralho, peões, pebolim, sorrisos e sonhos. Poucas bonecas, o que me fez ser um pouco menos humanizada do que deveria, talvez. Crianças que nascem com carrinhos tendem a crescer e virar engenheiros. Gente que brinca de boneco acaba terapeuta. Ou o contrário, criança não sabe de nada além do sabor preferido de sorvete. Não há limites quando se tem menos de quinze. Quem sabe doze. Há crueldade, isso sim. Gordinhas que viram mamíferos gigantescos. Nerds que jamais terão namoradas. Ruivos que, ah!, seus esquisitos, apaguem o fogo disso aí.
Mas então passou. Guardei na parte de cima do armário todas as cartas de Pokémon. Não tinha mais tanta graça. Era careta, mico. Escondi o primeiro beijo. Talvez até hoje ela nem saiba.
Ouvia de todos os professores que meu problema era ser demais. Isso mesmo, demais. Falar demais, imaginar demais, perturbar demais. Tudo isso em menos de metro e meio.
Olhava para o relógio da parede e contava os anos como se fossem minutos do recreio. Ligeiros e divertidos. Responsabilidades chegando. Cobranças, obrigações, limitações. Aonde está aquela menininha de bermuda tactel que corria destrambelhada sem se importar com o amanhã?
Cresceu. Criou-se.
Ou melhor, foi criada.
Pelas melhores e mais sinceras mãos que o mundo já viu. Por uma mulher que renunciou os próprios sonhos e felicidade em prol de um sorriso que nem ao menos era seu. Por alguém capaz de ler meus olhos como quem lê um texto de Clarice Lispector. Com profundidade. Por alguém que aceitou, sem temer e com orgulho, a responsabilidade de deixar para trás uma parte de si. Alguém capaz de conseguir fazer o impossível parecer mais fácil que brigadeiro de panela. Que acordava na madrugada e corria ao meu quarto pra saber se estava tudo bem. Minha vulnerabilidade só existia quando longe dela. Parecia temer o famigerado bicho-papão. Aquele que ela trouxe da maternidade e a grande maioria das pessoas chama de "amor incondicional". E esse é, de fato, um sentimento monstruoso.

quinta-feira, abril 14, 2011

Mas teu?

Teu pra sempre sou.
E falo de mim no masculino para o anagrama ser completo. Falo de mim no masculino pra abortar o cinismo de mulher e incorporar a sinceridade de um bom amigo na mesa de bar. Falo de ti porque é o mesmo que falar de mim. Falo de nós porque sem ele não há mais o que falar.
Esquece toda a estupidez que te dediquei. Esquece todas as meias-verdades. Esquece todas as meias-mentiras. Esquece tudo que, de tão incompleto, te fez confundir e me fez duvidar.
Sem subjetividades, teu pra sempre sou. Tua. Sua. Selo. Carta de envio. Remetente.
Destino.
Se ele é o culpado, que seja punido com a minha gratidão infinda. Até que a morte nos separe, sem burocracia ou compromisso que não nossa própria vontade.
Aqui jaz você, completa e inteiramente em mim.

Loop.

Era uma vez, o clichê.
Nas mãos do poeta ele se fez fim,
Morrendo de tanto ódio de si
Por não ser suficiente.

Era uma vez, eu.
Nas tuas mãos me faço começo,
Me faço voz, compasso, tom e melodia.
Me calo e esqueço
Morrendo de tanto ódio de mim
Por não odiar você.

E agora, mais uma vez, era uma vez o clichê.

segunda-feira, abril 04, 2011

Risada de estalo, choro que entalo.

Piada. Risos.
A mesma piada. Menor êxtase.
A mesma piada. Cansaço.
A mesma piada. Silêncio.
A incapacidade de rir várias vezes de uma só comédia paralela à pratica débil e incansável de rituais encharcados da própria desgraça.

quinta-feira, março 24, 2011

Meia bola sete.

Um banco à frente encontra-se uma senhorinha corcunda, de nariz e orelhas grandes, cabelos grisalhos e conjunto florido. Um saco velho de clichês. A típica avó.
Mas ela não me inspira confiança. Observa todos os novos passageiros, persegue-os com os olhos protegidos por um oclinhos meia-lua.
Não tenho paciência pra extremos que não os meus. Crianças e velhos são as pontas de uma linha geral do tempo. E também são chatos. As primeiras só servem pra buscar o controle da televisão, enquanto os segundos querem ser como os primeiros e insistem em dar trabalho. Só que, já dizia Newton, a massa é diretamente proporcional ao trabalho. E velhos costumam ser gordos.
Banco seguinte há um casal que eu adoraria convidar pra um jantar. Mulher elegante, mas sem exageros. Cara bonito, ombros largos. A barba está bem-feita. E mesmo que não estivesse com certeza não perderia o charme.
Mudando de fileira, uma adolescente de cabelo colorido. Ela não para de grunhir a musica que ouve num aparelho menor que meu bom humor. Nenhum comentário a mais, não seria amiga dela.
Agora sim. Cara alto, cabelo desnorteado e magro. Magérrimo. Aposto que dá pra ver a coluna quando está sem camisa. Quer dizer, não aposto pelo simples fato de que ninguem vai saber sobre essas minhas analises grotescas. Mas apostaria. E ganharia. Magro.
Só mais um banco. Mãe e filha, dormindo. Crianças deveriam ser treinadas pra dormir até os quatorze anos. Ou mais, dependendo dos neurônios. Existem algumas que mantém a idade mental na fase de blástula.
Opa, a velhota levantou. Espero ansiosamente ela sacar agulhas de crochê da bolsa e nos ameaçar, mas a setentona só arruma o óculos sobre o nariz e vai se movendo lentamente até a porta. Sai. Adeus, vovó.
Três paradas depois a Mãe, num ato desesperado, acorda a criança. Começa o mimimi. Merda! Provavelmente perderam o ponto. Choro alto. Meu e dela. Anda logo, motorista. Agonia.
Elas descem, enfim silêncio. Ou não. Que barulho é esse? Ah, mas é claro. A calopsita humana ainda não parou de cantar.
Cinco. Dez. Quinze minutos.
O homem magro levanta e dá um tapinha nas calças. Finge que quer tirar a poeira mas aposto que é uma tentativa em vão de se livrar de lembranças vazias. Olhar oco que não me engana.
Ele sai e empobrece a cena.
Do ato principal (que só é principal porque é unico e meu), ainda existem mais quatro personagens. O casal, a rebelde e eu, é claro.
Cinco. Dez. Doze minutos.
A garota se levanta de modo apressado bate com a mochila no meu cotovelo mastiga um desculpa e fala uma chiclete já que ordem e gênero e pontuação não cabem nessa fase alienada (talvez alienígena) da vida. Foi.
Cinco.
O Cara de Ombros Largos se levanta, transpirando ódio. Cadê a elegância, meu bom homem? A mulher segura sua mão suavemente e o convence a retornar pro banco de estofado rasgado. Não que esse seja o motivo da revolta. Eu acho.
Dez.
A conversa ganha tom e atenção. Não há nada de nobre no episódio e parece que a etiqueta e todas as suas regras foram rasgadas.
Dez minutos e algumas aspas.
Minha vez. Queria poder ficar pra saber o final da estória. Fervendo de ódio, desço e encontro a porta de casa. Não podia me atrasar.
Surpresa!
É meu aniversário e preciso agir como se não soubesse que eles iriam reaproveitar as bexigas da festa-surpresa passada. De novo.
Dê-me uma novidade, Dona Vida.
De preferência uma manchete de homícidio seguido de suicídio, um casal.
Ou quem sabe uma velhinha traficante, reconhecida no ônibus 607.

sábado, março 19, 2011

Teria título se não fosse teu. Se não fosse tu.

Quero teus braços, abraços, amassos e todos os plurais de tua singularidade. Teu peito e pele e pêlos e palavras, com todos os pês possíveis do prazer. Tua fala e silêncio, teu nu e cru, teu seu e céu, teu tudo a fundo, imundo, vergonhoso e sádico. Quero tua dor, teu sangue, teu berro, teu inferno. Tua verdade, teus sentidos, teu sorriso e paraíso. Em suma, em cima de mim. Tão próximo que já é dentro. E invade. E fica. E perturba meus dias e noites e sonos e sonhos. E faz de mim um pesadelo de tanto que sinto. De tanto que quero. E quero. E vou. E vem.

quinta-feira, março 03, 2011

Como é liberdade, vou ter que requentar o teu café?

Para Mateus, por tudo e mais um pouco.

11 de novembro de 1998.
“Antes, e não tão distante desse momento infeliz que chamo de agora, eu tinha tudo que precisava e estava muito bem com isso, obrigada. Mas nessa vida não existe garantia nenhuma de que o que diz ser seu, de fato o é. Principalmente se tratando de pessoas. I mean, eu nunca gostei de ser de alguém. Além de vulgar, soa imbecil. Tratar as pessoas como artefatos me remete a possível idéia de que eu me apaixonaria por abajures. E, com todo respeito à sua função luminosa, eles não são nada atraentes.
Mas esquecendo o conceito de objetofilia, eu estava bem, entende? Bem mesmo. Quem sabe até demais. Talvez não merecesse aquilo tudo, mas com certeza não mereço isso. Eu não perdi conforto, dinheiro ou namorado. Eu perdi a minha liberdade e essa era a única coisa que eu fazia questão de manter.
É óbvio que, com isso, todo o restante escorreu das minhas mãos. Não existe conforto em dormir num colchão de pedra ou ser ameaçada diariamente pelas outras presidiárias. Não existe dinheiro porque ele nunca existiu mesmo. Senão eu não estaria aqui, certo? E não existe namorado porque os homens são babacas. Ponto.
O problema maior de estar pobre, desarrumada, presa e numa puta abstinência de amor, carinho, sexo e música digna é respirar. Muitas vezes eu evito fazê-lo. Isso aqui fede. Argh. Minha companheira de cela é a ultima criatura que eu chamaria de companheira. Gorda e com essa cara eternamente amarrotada, me obriga a ficar trancada no banheiro de meio centímetro quadrado quando surta de fome. Então ela dá porrada na guarda e fica mais dois dias sem direito à almoçar, o que a faz socar a pobre mulherzinha de azul no dia seguinte, mais uma vez. Loop eterno. Idiota.
Toda noite fico relembrando o motivo que me faz estar aqui – e provavelmente permanecer por mais alguns anos seculares – enquanto descasco a parede com as unhas e fico puta por existir um teto abarrotado de fungos sobre a minha cabeça.
Ele tinha terminado comigo. Sinceramente? Grande merda. Nem valia tanto a pena assim, mas eu odeio ser dispensada. Queria ser vidente pra intuir sobre quando teria minha bunda e ego chutados e, então, poder me livrar do boçal antes disso. Mas minha aura cósmica não é suficientemente aguçada. Nem minha imaginação, tão logo eu não acredito em nada disso. Búzios são ostras, e ostras não são animaizinhos confiáveis. Elas sofrem por pérolas. Mercenárias.
É, ele tinha terminado comigo. E falou tanta coisa que me fez tontear e duvidar da minha própria competência como pessoa. Disse que talvez tivesse chance de volta, mas que por enquanto era melhor assim. Balela. Babaca. Dizia como se fosse muito mais do que um rostinho bonito. E corpo. E braços. E whatta man. Mas não ligo. Agora não. Antes liguei. Na hora eu me importei.
Demais.
Pobre padeiro.
Fui caminhar pra tentar esquecer o sacana. Não que eu realmente pensasse ser possível ignorar toda aquela baboseira em três ou quatro quarteirões, mas pelo menos me livrei dos olhares curiosos dos vizinhos. Porque, é claro, ele não fez isso sem criar um bom escândalo. Depois mulher que gosta de zona.
Parei na confeitaria e pedi um café expresso. Máquina com problemas. Quero café. Qualquer um meu senhor, anda logo. Com açúcar. Aliás, com diabetes, vamos apressar essa porra. E me dá uma rosquinha. Ou melhor, nada de rosquinhas. Me dá um pão de sal. E um sonho.
- Desculpa minha filha, mas o sonho acabou.
Pronto. Eu sempre fui muito ligada em palavras e aquelas acarretaram uma reação que nem eu entendi. Só sei que segundos depois eu estava com a faca do pão atravessando parte da jugular do pobre homem. Impulsos. Os pulsos. Os cortei logo depois, ainda existem as marcas. Não que eu precisasse delas pra lembrar do instante em que perdi a minha liberdade.
Não existe nada que me faça lembrar mais disso do que esse cheiro podre de gente sem alma. Não, eu não sou uma delas. A minha alma eu ainda tenho. Choro e oro todo dia por aquele senhor de boina e mãos lotadas de farinha. Uma pena. Uma enorme pena de quatro anos.
Quatro anos de macarrão em formato de rocha. Quatro anos de micro banheiro. Quatro anos de tapinhas na bunda de mulheres mais toscas que eu. Anos. Quantos anos ele tinha? Quantos anos eu ainda tenho?
Cansei.
Mais nenhum. Não quero mais nenhum ano. Nenhum segundo. To saindo. To correndo. Achei. É aqui. Pronto. Adeus. Desculpa aí, Seu Padeiro. Se a gente se encontrar eu te dou um abraço e elogio suas rosquinhas. Naquele dia eu realmente não as queria, mas talvez fosse melhor.”

12 de novembro de 1998 - Manchete do jornal local: Presidiária invade cela que supostamente seria de segurança máxima e é morta cruelmente pelas outras detentas.

quarta-feira, fevereiro 23, 2011

Bukowski me entenderia.

"Essas palavras que escrevo me protegem da completa loucura."

Não se sintam abandonados, antes de tudo. Ou talvez se sintam, se não tenho controle nem sobre o que existe em mim, como vou me atrever a segurar as rédeas do que passa em vocês, certo? Mas, feelings a parte, ainda estou investindo grande parte do meu tempo no novo projeto - da menina Cíntia. Tem sido bom pra mim. De verdade. Espero que entendam. É uma forma de surpreender a mim mesma quanto a desejos e pensamentos que nunca imaginei ter. Está sendo divertido, e espero poder compartilhar com vocês. Por isso criei um novo espaço destinado apenas a isso.
Qualquer dia eu volto, espero que logo.
Sempre aqui,
Mia.

>> Cíntia: more than an ass, less than one brain. <<

quarta-feira, fevereiro 09, 2011

Novo projeto, criando vergonha na cara e maiores considerações.

Então, olá. Esses dias comecei a me dedicar à um novo 'trabalho', uma espécie de literatura diferente da que eu tô acostumada e que, se não me engano, só postei um exemplar semelhante por aqui. Espero que alguem tenha lido o conto Moulin Rouge Contemporâneo porque foi ele que me estimulou à esse projeto.
Como ele tá bem no começo e a insegurança é grande - perceptível nesses mais de cinquenta posts, certo? - eu não tenho pensado em criar um endereço virtual só para publicá-lo. No entanto, como tenho o minimo de respeito, afeto e vergonha na cara resolvi avisá-los, é. Segue então o prólogo do possível livro intitulado Cíntia: talvez melhor que Christiane.

***

O conteúdo desse livro é totalmente fictício, logo deveria ser a minha verdade.
Se você se identificar com a personagem tem uma enorme probabilidade de ser minha amiga. Não que isso valha muito.


Reconhecimento especial a todas as editoras que desligaram na minha cara. Minha conta de telefone agradece.
Para Vitória, a melhor amiga e oposição em discussões polêmicas que pode existir.
Mateus, meu parceiro no crime e presentinho das férias.
Antonia, i’ll never let you fall.
Gordios, bolinha peluda.
Rafa, minha versão masculina. Ou seria feminina?
Luiz, o cara mais incrível que conheço. Love ya, man.
Leo, que não é Leonardo, porque é gangsta e me dá medo e apululu.
Menee, Ana, Isa e Mari. Quarteto fantástico, minhas meninas.
Sem esquecer da Ju, exemplar impecável de amor ao próximo.
Bruno, que ainda me faz sorrir sem perceber. Eu preciso de você, querido.
E para The Fratellis, Phoenix, The Pigeon Detectives, Sugarplum Fairy, Strokes e The Holloways por embalarem muitas das minhas noites pouco férteis.

::Prólogo::

Morar no Rio de Janeiro nunca foi uma opção. Na verdade, quase nada na minha vida foi escolha própria. Pais rígidos, dominadores, responsáveis e chatos pra cacete. Nunca duvidei sobre ser adotada. Mas não porque me pareço com eles, é que provavelmente eu fui chocada. Ou cagada, vai saber.
Cresci como uma criança feliz, normal... Mentira, não cresci. Continuo com os míseros 158 centímetros desde os quatorze anos. Puta que pariu, nem meus hormônios me suportam. O bom é que homem até gosta de mulher pequena. Deve parecer fofinho, quase uma criança. Ou então porque é mais fácil pra esconder da esposa, pagar um e etc. Homens.
Voltando a minha vida as voltas com Barbies – que sempre acabavam sem cabelos e carinhas nos peitos – de certa forma, eu era feliz. Exceto pela parte em que eu jogava damas, xadrez, sueca, totó e o diabo a quatro. Sozinha. Meu autismo não identificado constituiu grande parte da minha infância deprimente. Pré-adolescência foi marcada pelos estudos excessivos. E por eu ter engordado feito uma vaca. Eu, que sempre fui muito desastrada, passei a ter medo de tropeçar pra não sair rolando por aí. Gorda e humilhada seria demais pra mim.
- Mas filha, você não era gorda. Só era supernutrida.
- Tá. Tchau, mãe.
Quando completei dezoito, decidi aloprar. Quase duas décadas de escravidão mental me pareceram suficientes. Passei por diversos groupies até perceber que isso era mais babaca do que aceitar as regras dos meus pais.
Pelo menos eles têm a desculpa de que “você saiu do meu saco” ou algo do gênero, mas essas gangues grotescas de hoje em dia só servem pra sugar seu cérebro e te fazer comprar maconha.
Então resolvi viver a minha vida do jeito que dava. Saí de casa e passei a me virar com trabalhos provisórios. Lojas de discos, bibliotecas, danceterias e essas porras que você fica na porta conversando com os outros e dando sua opinião sobre tudo que existe ali. Se tem uma coisa que eu faço com prazer é lidar com as pessoas. E sexo, claro. Não vou falar da minha primeira vez porque, sinceramente, eu não gosto nem de lembrar. Só sei que aquele gosto de cola com farinha de pobre foi uma das piores coisas que já provei na vida.
Cíntia, 19, carioca, sádica, babaca nas horas úteis e zumbi nas vagas. Provavelmente temos alguma coisa em comum. E por enquanto é o que basta você saber.


I'm like a child except my imagination's lost.
The Escapologist – Sugarplum Fairy

quarta-feira, fevereiro 02, 2011

Derrama, drama e incompetencia para jogos de palavras bons.

O ultimo texto talvez realmente seja o ultimo. Quero dizer, não ultimo ultimo. Ai meu Deus, porque tudo é tão dificil quando se está com sono? Bom, tô mudando de fase, trocando de pele, upando a minha vida, como quiserem chamar. Esses dias me serviram pra pensar bastante, e percebi que tenho me tornado uma pessoa a beira do insuportável. Algumas vezes meu drama é mais literário que real, e isso não deveria ser assim. Deixar de ser piegas deveria ser uma meta para 2011, será que ainda dá tempo?
Enfim, sorte a de vocês. E minha também, menos propensão ao suicidio.
Ideias - agora aderindo a nova gramática já que há uma reforma em mim também - para contos estão fluindo. Talvez uma sucessão de contos sobre um mesmo (ou mesma, gênero indefinido por enquanto, comum da minha personalidade uh?) personagem que venham a ser postados em outra página virtual. Isso pode significar uma pausa longa no BM.
Ou não, eu nunca levo minhas metas a sério mesmo.
Besos sabor benzocaína.

sábado, janeiro 15, 2011

Odeio o mediocre, o que não está aqui nem lá. O morno, o talvez, o cinza e o quem sabe?. Pra mim é frio ou quente, sim ou não, preto ou branco. Meio sexo não é sexo. Meio amor é quase ódio. Meio eu é porque ainda existe você. E ai entram as escolhas. Malditas hipoteses que só aparecem pra foder tudo. Até respirar é opcional, mesmo que a grande maioria de nós não seja corajosa o suficiente pra agir como se não fosse obrigatório. Fugir, desistir, deixar pra nunca mais... Nem sempre é covardia. As vezes é muito mais difícil abandonar do que resistir. Precisamos atropelar todas as nossas mentiras por apenas uma verdade, que quase nunca é indolor.
Eu tive que escolher. Me coloquei numa posição que era eu ou não era mais nada. Ninguem escolhe entre o bem ou o mal. Isso não existe. Que tipo de idiota escolhe o mal? É uma questão de percepção. Eu optei por mim. Então fico aqui no aguardo esperando você devolver o resto que sobrou com você. Ah, eu também escolhi tê-lo de qualquer forma. Devolva ou terei que arrancar. É extremo. É quente. É frio. Só não é morno, não é médio, não é nós.