Comprimidos

Leia a bula.

Ao persistirem os sintomas, procure um médico que saiba responder algo além de "deve ser amor".
Que coisa doentia.

domingo, outubro 24, 2010

Infernaíso.

Apagaram as luzes. Tá escuro aqui nessa sala... Um toque de mãos. Um carinho aqui, um abraço, uma graça. Até que enfim.
Após um longo periodo em stand by, um começo feliz... Ou seria o final?
A luz ainda apagada. Felicidade ecoando. Mais carinhos, beijos, graças. Sorrisos. Amor. Pelo menos de uma parte.
E só dessa parte, pelo visto.
Acenderam as luzes, mas não é o fim. Não pode ser. Foi só uma lâmpada. Eletricidade. Choque.
Despedem-se.
Dia seguinte, relação aparente. Afeto aparente. Tato, gosto, sentimentos. Tudo baseado em imagem, maquiado.
Mas tão bem pintado de realidade que era difícil duvidar. Havia algo ali, era nítido. E até então, era bom.
O dia se seguia lentamente, e ela mantinha o pensamento no dia anterior. Na escuridão calorosa, nos braços que a envolvera, no
gosto que sempre a enlouquecia, e em cada simples detalhe que não lhe passou despercebido, afinal, era tudo aquilo o que ela mais queria.
Os intervalos eram como fragmentos do "pra sempre". Encontros que faziam tudo tão mais intenso.
Fim do dia. Uma falha na chama que saía da ponta do isqueiro. Não lhe faltava combustível, mas simplesmente não acendia.
Mais um dia. Atravessou seu caminho como um mustang. Sem notar a volta, nem se preocupar com quem ali estava.
Exatamente assim. Um selvagem. Mas porque?
Ela começou a notar a diferença. Não fazia sentido. Mas talvez não tivesse mesmo uma razão.
Sentia aflorar uma dor extrema. Arrependimento? Desprezo? Ela não fazia idéia.
Foi então que veio-lhe uma resposta. Não era mútuo. Uma via de mão única. Ela estava sozinha nessa.
Ele tomou outra pista, um novo caminho, um novo rumo. Sem ela. Uma viagem que talvez não tenha volta.
Ela sabe bem que ainda vai tentar buscá-lo em seu destino. Incapaz de deixá-lo seguir em frente sem saber o que deixou. E porque o fez.
Talvez seja apenas isso que falta. Uma motivação. Pra resistir ou pra desistir.
Desistir e aceitar que são planos distintos ou resistir e pôr-se na frente dele, com a única bagagem que tem: o intimo.
Bagagem essa que deveria ser suficiente. Para abastecer um mundo inteiro, aliás.
Ela toma um vôo pra qualquer lugar. Se joga. Queda livre. Esperando apenas que ele lhe tome nos braços.
Fecha os olhos. Escuro novamente. Não sabe se vai cair ou se tudo não passou de uma fase, aonde ele despertou e viu que
não podia ter acabado. Não ainda. Era pra ser até a eternidade, como lhe havia prometido.
Mas, numa história dessas, nenhuma promessa deve ser levada seriamente em conta. É uma relação movida à inconstâncias.
A menina, insensata e apaixonada, sempre se perde. Não há mapa que trace a trajetória certa da vida.
Dessa vez não foi diferente e ela foi do paraíso ao inferno.

Em apenas dois dias.

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