Comprimidos

Leia a bula.

Ao persistirem os sintomas, procure um médico que saiba responder algo além de "deve ser amor".
Que coisa doentia.

sexta-feira, agosto 06, 2010

Cacos de mim.

Tem dias que a gente acorda de alma presa. Olhamos pro mundo através da janela e vemos apenas uma faixa de destino embaçada e enquadrada naquele pedaço de vidro. E ao parar pra refletirmos (não no vidro, mas na mente), nos sentimos estilhaçados, como se os cacos da nossa história nos cortassem incessantemente.
Mas não há como limpá-los totalmente. Não há faxina que os faça desaparecer. Não há como jogar pra debaixo do tapete. Como lidar com o quê fizemos?
"Pense antes de agir". Não é clichê, não é neurose, não é sistematico? É proteção? É racional? É humano e consciente? Pode até ser.
Mas é de uma não-graça...
A graça de acordar de manhã, olhar pra cortina, amarelada e cambaleante, e rir da própria cagada.
De ouvir críticas filosóficas infindáveis enquanto pensa em qual filme vai pegar na locadora. Não é ignorar conselhos, não é falta de educação.
É assumir a responsabilidade.
É aceitar e resolver se atirar em uma das duas possibilidades: dar a descarga ou se afogar na própria merda.
Mas os cacos continuam aí. No fundo eles incomodam. São aquelas sobras pontiagudas pequenininhas nos cantos e rodapés. Farelos das lembranças que os bem humorados levam na brincadeira e os desnaturados se martirizam ad aeternum.
Eu não tenho humor, mas tenho natureza. Tenho carne, osso, alma e coração. Tenho ciência de grande parte das minhas características. Principalmente das inventadas.
Sei que reciclei as minhas experiências para que se transformassem num vaso límpido.
E que amanhã eu poderei colocar nele meus botões de flores pra sorrir pra mim.

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