Comprimidos

Leia a bula.

Ao persistirem os sintomas, procure um médico que saiba responder algo além de "deve ser amor".
Que coisa doentia.

domingo, agosto 08, 2010

O que eu queria ouvir de você...

Entro na floricultura e procuro a mais bela, recheada de pétalas sorridentes e de cheiro ingênuo. Aquela que faria qualquer um temer uma natureza divina e beleza quase sobrenatural, como as suas. Em cada canto da loja, procuro uma parte sua. Em cada aroma, cor, textura. A maciez das rosas, a graça das margaridas e a delicadeza dos lírios. Tudo te traz pra mim. Mas não tinha como deixar de fazê-lo, claro. Você não sai. Criou raízes.
Ainda bem.
E volto a procurar; Não há a quem perguntar, não há como perguntar. No mínimo, me chamariam de louco por querer resumir você em uma delas. Porquê não um bouquet, senhor?
Não, não quero várias. Só você. Não quero que se perca no meio de tantas e ache que dividiria meu amor. Ele é seu. Eu também.
Uma confusão colorida e o pólen se integrando a minha pele. É então que encontro. Que te vejo.
É, essa mesma. Perdida numa das prateleiras, empoeirada. Um vaso simples, de plástico negro, como todos os outros. Mas não, não é igual. É você. É diferente. Dentre tantas vermelhas, brancas, rosas, aí está. Minha cor predileta. Iluminada, incandescente. Que acalma o peito como sua voz suave projetada em minhas temporas. Que queima a alma como brasa feito seu toque em minha pele fria de ar urbano. Aí está, destoando das demais, como bem faz dentro de mim.
A mais bela, suave, rara e encantadora. A mais minha.
Você, metalinguisticamente, representa meu destino, flor amarela: amar ela.


Ah, como eu queria que falassem algo assim pra mim... Pelo menos uma unica frase. Ou apenas uma palavra. É tão dificil sentir?

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