Comprimidos

Leia a bula.

Ao persistirem os sintomas, procure um médico que saiba responder algo além de "deve ser amor".
Que coisa doentia.

sábado, maio 29, 2010

12 horas e 59 minutos.

Um minuto pra outra hora. Outra hora, coberta de 6O outros minutos, que cada um contém seus outros 6O segundos, o quê resume em tantos outros 36OO segundos por hora. Não sou matemática, mas isso é tão básico quanto saber seu nome. Por isso que eu não tenho um fixo.
Posso ser Maria Elisa, Maria, Elisa, Marie, Lili, Mari, Mia, Ma, M, Anita, Camila, Fernanda, Leticia, qualquer uma, qualquer outra, psiu!, você, ei, nada.
Que seja, isso não vai mudar a minha história. Mas voltemos para o tempo.
Enquanto você lê isto aqui, o mundo continua com sua incansável rotação. Esse segundo nunca mais vai voltar. Ah, como eu detesto essa palavra. Ela me amedronta e instiga a idéia de que não sou mais a mesma. Nem você é. E que estamos cada vez mais próximos do começo do fim.
A cada instante as pessoas falam, respiram, soluçam, choram, riem, tem orgasmos, fazem planos, comem macarronada, batem com o tapete na janela, escrevem cartas, descobrem-se enamoradas e percebem que tá na hora de parar de existir para, enfim, viver.
Vez em quando eu paro pra pensar o quê Alguém estaria fazendo. E se esse Alguém precisa de mais outro Alguém. E se esses Alguém's precisam de mim. Me sinto tão inútil e pequena diante desses pensamentos...
E talvez eu nunca vá saber, o tempo é ligeiro, não sossega. Hiperativo e inconstante.
Se nesse instante estamos aqui, quem sabe n'outro o quê pode acontecer?
Paremos pra pensar também no quê poderíamos estar fazendo nesse momento, se isso mudaria o próximo, ou quem sabe só seja desperdício. Aliás, desperdício de tempo... Isso existe?
Tempo taí, é pra ser usado. Ninguém pode chegar e falar que roubou seu tempo e só vai devolver depois de gastá-lo e a bateria pifar.
Tempo não é movido à bateria. Tempo é tempo, sei lá de quê é feito. Quero dizer, o que se sabe é que é marcado em dias, horas e coisa e tal. Mas isso não é a sua matéria. Aliás, tempo tem matéria? É, pelo visto eu não tive tempo suficiente pra saber disso também...
Mas então me pergunto:
Se tempo não tem matéria, não podemos vê-lo, nem apalpá-lo, como pode ele nos tocar de tantas maneiras árduas e infecciosas? Vivemos num mundo onde tudo merece mais tempo pra ser visto, vestido e sentido.
Os dias nos parecem curtos, minúsculos... (H)Ora essa, quer dizer que devemos dar alguns hormônios pro dia? O tempo passa, não pára, nem espera por ninguém.
As mulheres reclamam que estão velhas, antigas, passadas. Coisa do tempo, ele que diz. Os homens protestam que não viveram o suficiente pra ter em mãos todas as mulheres do mundo. Fica a idéia de que existe uma ampulheta que apita quando a gente envelhece. E eu não reclamo, não protesto nem me revolto.
Quando me perguntam quantos anos tenho, não sei responder. Já tive 15, mas o quê tenho pela frente, só Deus e o protagonista desse escrito sabem.

36OO segundos. É incrível a idéia de que posso usá-los como bem entender.
Pra você pode parecer só mais uma hora perdida. Mais rugas, menos mulheres, planos desfeitos pela idéia morbida do fim.
Tanta gente que ganha o tempo pensando em nada. Mais útil construir essas horas com instantes a serem marcados, lembrados, e por vezes esquecidos por alto mas ainda existentes na estante da memória.
Por isso, lhe pergunto: Aqui tá frio, e o seu tempo, como vai?

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