Compartilhando o prazer de escrever.
Obrigada por tudo, Lels.
(Legenda desnecessária. Vamos lá, são as iniciais. Prazer, Mia.)
L: Hoje seria um péssimo dia pra morrer.
M: E existe dia bom pra isso?
L: O dia em que notarmos que não temos mais nada pra fazer.
M: Morrer de tedio? Que sem graça...
L: Ninguem controla sua morte, se a pessoa não morre naturalmente, é sempre a falta do que fazer ou, pelo menos, a sensação disso.
M: Mas o tedio é controlável. Bem mais heróico morrer fazendo a diferença do que esperando, apático, o que fazer.
L: Quando a pessoa perde a capacidade de fazer a diferença na própria vida, ela não teria mais como fazer uma diferença maior, é ai que entra o tedio que mata tanta gente.
M: Tedio não mata. O que mata é deixar ser consumido por ele. Eu fujo da falta do que fazer. Eu me faço, desfaço, não me acho. Mas também não espero que me encontrem.
L: Tedio não é algo escolhido, portanto ser morto ao ser consumido por ele é ser morto por ele em si, já que você não deixou isso acontecer. Você pode ter resistido mas ele foi mais forte. Isso geralmente acontece quando você perde a capacidade de fazer algo, quando você perde a confiança do mundo. Caso isso aconteça, não ha como ir contra o que tenta lhe destruir. Felizmente não é meu caso.
M: Mas ai você não morreu de tédio, mas de desmotivação. O tedio pode ser quebrado com um simples sonho, pensamento. Não ser capaz de fazer algo é bem diferente de não querer fazê-lo. E os desejos nos levam pra frente.
L: Já vi certas pessoas que perderam a capacidade de sonhar, ou melhor, tiveram ela arrancada, afinal, não é algo que as pessoas escolham.
M: Eu já passei por isso. Logo eu, que dormia só pra poder sonhar... Mas então eu acordei e...
L: E?
M: E fui capaz de perceber que sonhos existem quando estamos acordados também. Meu prazer em fantasiar é constante e é o que me dá forças pra fazer a tal da diferença. E você? Daonde vem sua força?
L: Do mesmo lugar que a sua, a unica diferença é a forma de encarar. Não vejo como um fantasiar constante, e sim como a realidade, pois estamos acordados no mundo real e temos que tirar força dela de duas formas: Das coisas boas que acontecem pra nos motivar a leva-las aos outros, e das coisas ruins que acontecem pra nos fazer combate-las.
M: E faz diferença estarmos de olhos fechados ou abertos? Deixa de ser sonho se não estamos dormindo? Tem tanta gente que se aliena com o olhar arregalado...
L: Porém só é alienado quem está com o olho fechado e o cérebro parado, abra sua mente e seus olhos ao mesmo tempo, que todo o vestigio de alienação que tentaram lhe lançar será levado pelo vento.
M: Pode ser, mas as vezes um sonho é muito mais esclarecedor que um jornal informativo que, teoricamente, retrata a realidade nua, crua e enlameada.
L: E quem disse que me baseio em jornais? Me baseio no que meus olhos me deixam ver, minhas mãos deixam sentir e minha mente deixa compreender.
M: Sem um desses sentidos, então, a gente se torna alienado? Mas poxa... Meus sonhos são sempre tão reais.
L: Seus sonhos são reais quando você se esforça pra torna-los assim, quando você busca felicidade, você faz isso?
M: Só quando não estou entediada...
L: Alguem que ainda tem forças pra sonhar mesmo entediado? O que te leva a ser assim?
M: Porque ao menos no sonho eu consigo fazer a diferença que meu corpo nao permite.
L: Então não acha que chegou a hora de buscar ajuda? O corpo as vezes não se movimenta até o final sem ajuda.
M: Quer me ajudar? Quer fazer parte do meu sonho real?
L: Sempre quis, me juntar a você para fazer nossos sonhos reais te fazerem mais feliz.
M: Mas você não precisa fazer nada, você já é o meu sonho.
L: O que quero fazer é transformar esse sonho em uma realidade para ambos.
M: Então transforme. Me transforme.
L: Não sei se três palavras algum dia bastariam pra mostrar o quanto eu quero isso, mas, direi-as: Eu te amo!
M: Se elas não bastam, só me restam as reticências porque não há mais nada a ser dito...
L:Então usarei o ponto final pra mostrar que não há mais o que dizer, e sim o que fazer, e é fazer dessa realidade uma realidade melhor para nós dois.
M: É o fim... Do começo.
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