Comprimidos

Leia a bula.

Ao persistirem os sintomas, procure um médico que saiba responder algo além de "deve ser amor".
Que coisa doentia.

sábado, maio 01, 2010

Subjetividade.

Adoro conversas indiretas, que você precisa pensar no intuito da pergunta e formular uma resposta interrogativa que continue com esse ciclo vicioso. É divertido, inteligente e excitante.
O que me irrita é quem não sabe fazer isso e fica jogando cantadas baratas à torto e a direito. Que porra broxante.
Seriously, não tem nada menos interessante do quê alguem que se escora em xavecos de bar ou frases de adesivo de bombom.
Eu gosto do espontâneo, nem que ele seja confuso e indeciso. Do extravagante se ele é inconsciente e do sem-graça se ele estiver projetando a realidade. O que eu não gosto é de exageros. De frases pré-pensadas, roteirizadas. Eu faço muito isso mas nunca coloco em prática senão perde a graça.

Mania fodida de me atrasar pra escola só porque resolvi conversar sozinha, criar diálogos que possivelmente nunca vão acontecer. Cinco e dez da matina e eu aqui, falando baixo e pensando alto no que eu poderia dizer e no que iriam me responder.

(Legenda: A pra identificar a autista aqui e B pro bacaninha poder ser reconhecido)

A: Oi, como tá?
B: Bem, e você?
A: Não sei, tô meio oca.
B: Do tipo que nada soa direito por dentro?
A: Do tipo que grita internamente e faz eco.
B: Já passei por isso.
A: Que droga.
B: É, não sinto a menor falta desse vazio.
A: Imaginei.
B: Mas eu sinto falta.
A: Acabou de dizer que não sente. Explique-se.
B: Não do vazio, de você.
A: Mas eu tô sempre aqui.
B: Mas você tá oca. Não te ouço.
A: É que eu não falo mais.
B: Então volta a falar.
A: Esqueci como é que faz isso.
B: Usa a voz.
A: A da garganta não sai.
B: Usa a do coração.
A: Não tenho mais como.
B: Porquê não?
A: É que ele não é mais meu.

Roteiros subjetivos, reflexos da minha (in)sanidade.
Que merda, quero crescer logo e usar isso pra ganhar dinheiro. Ficar nessa dependência de pais é foda. Preciso comprar meu piano, meu iAlgumaCoisaQueToqueMusica, minhas roupas sem pitaco da mamãe, minha comida sem sal, meu diploma, meu chefe, meus gatos, meu namorado e uma casa com lareira na Noruega.
E já.

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